Munícipes apresentaram as suas ideias


Durante o Fórum público sobre o Centro Histórico de Sines, foram vários os munícipes que manifestaram a sua opinião sobre esta área e apresentaram sugestões para revitalizar o núcleo urbano e fundador da cidade.

Diagnóstico do estado do centro histórico
A professora, e munícipe, Celina Arroz abriu o debate afirmando que a situação do centro histórico é o sintoma de um problema cujas causas precisam de ser diagnosticadas. Em resposta, a vereadora Carmem Francisco disse que o diagnóstico foi um dos passos do trabalho da equipa que está a elaborar o plano, nomeadamente através do inquérito domiciliário que, entre outras conclusões, revelou o envelhecimento da população do centro histórico mas também sinais de que cresce o número de residentes jovens, bem como o facto de ainda existir muitos proprietários a habitar nas suas casas, o que poderá facilitar o processo de recuperação.

Revitalização do comércio
O comércio foi um dos temas que suscitou mais intervenções durante o debate. O munícipe Emídio Dinis disse que, tal como a população de residentes, também a população de comerciantes está envelhecida, o que poderá dificultar a modificação da oferta existente. “Podemos arranjar os edifícios, mas não vamos atrair pessoas se o comércio não oferecer o que as pessoas procuram”, afirmou.

José Martins, empresário e director da delegação de Sines da Associação de Comércio e Serviços do Distrito de Setúbal, disse que “não existe comércio sem haver habitantes” e apresentou algumas sugestões para motivar as pessoas a ir ao centro histórico, como as intervenções no espaço público (melhores pavimentos, mobiliário urbano, iluminação e sinalética), reforço da segurança, melhoria da aparência das fachadas e, sobretudo, a remodelação dos estabelecimentos, apelando aos comerciantes para aproveitarem os incentivos existentes nesta matéria, que não têm tido a adesão desejada.

Luís Venturinha, residente, sugeriu a instalação de uma cúpula em algumas ruas do centro histórico, “que funcionariam quase como centro comercial”, trazendo para Sines um modelo já existente noutros países da Europa. Havendo esse abrigo, acrescentou, “as pessoas já podiam estacionar mais longe e Sines seria viva de Verão e de Inverno”. O arquitecto Walter Rossa disse que a solução da galeria coloca problemas à estrutura dos edifícios onde é instalada.

Ainda para a revitalização do comércio, o munícipe Tiago Santos introduziu no debate questões como o alargamento dos horários de funcionamento e a possibilidade de abertura de lojas franchisadas de grandes marcas.

Intervenção no património dos particulares
Os proprietários Joaquim Serrão e Isabel Jorge pediram dados mais concretos sobre as regras de construção e intervenção nas habitações do centro histórico. “Quem vai gastar milhares de euros a recuperar uma casa se tem grandes restrições para fazer alterações (cores, materiais, técnicas de construção)?”, perguntou Isabel Jorge. Walter Rossa respondeu que a volumetria e o alçado serão os aspectos prioritários a conservar, acrescentando que o regulamento vai “permitir e até obrigar a introdução de todos os elementos necessários ao conforto numa casa moderna”. A proposta vai contemplar restrições, mas “não vai haver uma ditadura forte, muito menos na questão das cores”, assegurou o arquitecto.

Pavimentos
A substituição do actual pavimento em pedra rolada por um pavimento mais suave mereceu a discordância de Isabel Jorge, por considerar que, apesar de incómodo, o mesmo faz parte da identidade do centro histórico. É essa, porém, uma das intervenções já previstas, e com co-financiamento aprovado, no programa de Regeneração Urbana, tendo o presidente da autarquia referido as ruas Sacadura Cabral, Miguel Bombarda, Teófilo Braga e Cândido dos Reis como algumas das ruas que receberão intervenção, com substituição total ou parcial dos pavimentos. Do ponto de vista de Manuel Coelho, estas obras melhorarão a acessibilidade e a atractividade do espaço público do centro histórico.

Circulação automóvel e estacionamento
Quanto às soluções de trânsito, Walter Rossa disse que haverá margem para ensaio na procura da opção mais adequada, e, quanto ao estacionamento, o princípio deverá ser vedá-lo a quem não vive na zona histórica. De acordo com o presidente da Câmara, está planeada a construção de bolsas de estacionamento no Largo 5 de Outubro, na zona antiga fábrica “Socor”, na zona do Mercado Municipal e, possivelmente, no futuro Pátio das Artes (envolvente do Centro de Artes). O vereador Idalino José, do Partido Socialista, defendeu uma maior pedonalização do centro histórico e chamou a atenção para a necessidade de valorizar a Rua Marquês de Pombal como via de penetração do centro histórico para a frente marítima, sendo de ponderar a sua utilização em modos suaves de transporte (bicicleta e circulação automóvel num só sentido).

Acessibilidade vertical
A munícipe Isabel Jorge mostrou-se contrária à construção de um elevador como solução de acesso entre o centro histórico e a Avenida Vasco da Gama, pelo seu impacte visual, tendo o presidente da Câmara respondido que os elementos arquitectónicos podem ser dissonantes e, se tiverem beleza, valorizam o espaço. O vereador Idalino José defendeu que a acessibilidade deverá ser instalada no seio de um edifício, cujo topo seria a extensão do Largo dos Penedos da Índia, constituindo dessa forma “um núcleo muito forte de atractividade e vivência”.

Recorde-se que, no âmbito do Programa de Regeneração Urbana, se encontra em fase de lançamento o concurso público para concepção da requalificação da Av. Vasco da Gama, reabilitação da falésia e ligação vertical, onde a configuração do elevador (ou outro tipo de acesso vertical) será encontrada.

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